domingo, 28 de fevereiro de 2010

flashes 9

Eu não parava quieto, a ansiedade era grande para receber o presente no amigo-oculto da escola. Existia um pacto silencioso entre todas as crianças, que se estendiam aos pais (verdadeiros compradores dos presentes): 'Roupa e livro não pode. Nem para o pior inimigo!' Até porque criança não espera chegar em casa pra curtir o presente. Quer rasgar a embalagem e brincar na hora.
Vi que o RD (vou preservá-lo) trazia um presente quadrado, com embrulho colorido, bem chamativo. "Será que ele me tirou? O que será que tem dentro?". Começou a distribuição. Fala alguma característica do sorteado e entrega o presente. No estilo tradicional. Todo mundo conhece.
Meus amigos começaram a abrir os seus: Bonecos do 'Comando em Ação' ("Putz, o meu favorito..."); bola de futebol; boneco do Karatê Kid (movimentava o braço de cima para baixo, dando aquele golpe com a mão aberta e os dedos colados tipo uma faca - como se fosse quebrar um tijolo - ; com calça branca, kimono vermelho e faixa na cabeça. Muito maneiro. Parece que o vejo agora mesmo, diante de mim). E nada de eu receber o meu.
O RD ainda não tinha anunciado seu amigo-oculto. "Será que sou eu??? O que teria naquele quadrado??? Pelo volume não poderia ser roupa nem livro. Ufa!". Quando, enfim, ele começa a descrever, percebi que era eu. "Chegou a minha vez; o que que tem neste pacote??". Rasguei o embrulho e... DISCO DA CHAPEUZINHO VERMELHO?!?!?
Decepção total. Pô, tá de sacanagem, ainda que gostasse de chapeuzinho vermelho, o que faria com aquele disco alí??? Todo mundo brincando e eu com aquele troço sem ter o que fazer.
Lembro perfeitamente que, apesar de ser muito novo, não fiquei com raiva dele, e sim da sua mãe, pois eu sabia que eram as mães quem compravam os presentes. "O que passa na cabeça de uma mãe para dar de amigo oculto para um MENINO de, sei lá, 7/8 anos um disco da Chapeuzinho vermelho?????" - pensei.
Conhecendo a mãe dele, nesse dia aprendi o significado da expressão: 'esse cara não tem mãe' .
Fiquei no prejú!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Convidados 5

A convidada dispensa apresentações. É a dona da minha casa, das minhas cuecas e do meu coração. Ela faz um mingau de farinha láctea show de bola!!! Mia, Renata Arechavala.

Maranhão – São Luis – Alcântara - Maria Batissá

Aeeee Povo bom! Gente sem frescura!

Chegando no restaurante de Maria Batissá, em Alcântara, somos recebidos pela própria, com os braços abertos:

“Bom dia, sejam bem vindos ao meu restaurante, a casa está aberta assim como meu coração!”.

Sensacional!!

A manchete antiga de jornal emoldurada na parede apresenta um pouco de sua vida. É nítido que o passado violento não inibiu a autenticidade dessa mulher forte que “pariu”, segundo ela, alguns filhos sozinha.

“Morava num lugar tão longe que podia gritar de cair o queixo que ninguém me ouvia”.

Ri muito ao ler que ela tinha a língua pregada e não conseguia falar batizar e sim batissá. Daí o apelido. Como fonoaudióloga achei incrível "língua pregada" ao invés de dislalia ou qualquer outro nome técnico.

O conceito de que prateado e dourado não combinam não se aplica à Batissá que surge cheia de colares, anéis e pulseiras. Douradas e prateadas. E nessa mistura desfila seu visual extravagante num vestido vermelho pelo corredor do restaurante enquanto vai buscar cerveja ou algumas fotos para compor seus "babados"...

Batissá (60 anos) é uma figura de deixar qualquer um de boca aberta pelo que diz e como diz. Suas histórias nos fazem rever conceitos e nos mostram novas maneiras e posturas de viver e ver a vida.

Pérolas como:

“Só mostro aos outros o que é meu” (se referindo à casa muito humilde que não teve vergonha de apresentar ao seu namorado francês - 30 anos mais jovem).

“Nunca tive vergonha de nada que é meu”.

Fazem sentido; mas só para as pessoas que são o que realmente são ... :)

Batissá é o tipo de mulher que dá vontade de passar uma tarde conversando para ouvir as histórias e opiniões, mesmo que não concorde, ou que sejam apenas invenções; vale para abrir os horizontes, viajar e rir.

Saímos ouvindo uma frase de um bate papo entre ela e uma amiga “Na minha vida não há problema que não se resolva... então não tenho problemas!”.

Aeeeee!! É isso aí Batissá, arrasou, Gata!!!:)

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Ellite x Botafogo United

Data: 10/02/2010.
Escalação: Juninho, Marreco, Marcio e Mamão*; Alex (Bicudo), Cebola; Felipe e Chaves (Bruno)
*convidado
O Ellite foi à campo com muitos desfalques e preocupado com o time adversário, que, além de muito mais jovem, tinha feito uma bela partida no último confronto (empate em 4x4, em maio de 2009).
O jogo começou equilibrado até que, por volta dos 15 minutos, Marcio Guerreiro fez, de cabeça, 1 x 0. Logo depois, o convidado Mamão (do Ajax) emendou uma bomba de longe, no ângulo. Um golaço. O jogo seguia equilibrado, mas o Ellite fazia um partidaço sem deixar espaços para o adversário. Chaves fez 3 a 0 e Bruno Love (espero que o apelido pegue), inspirado pela sua gata que ligara pouco tempo antes dele entrar em campo, fez o quarto. Final do primeiro tempo: 4x0.
No segundo tempo, o Ellite aumentou o ritmo e passou a tocar a bola de forma impressionante. O meio-campo Cebola, mais uma vez, comandou a equipe e ditou o ritmo do jogo. O adversário começou a apelar pra violência, até que Mamão (até então incrivelmente calmo) começou a dar defeito e ameaçou, por duas vezes, partir o pobre coitado do adversário ao meio com suas tesouras voadoras, estilo Júnior Baiano. Foi substituído para o bem da humanidade.
Mas nada abalava o Ellite, que seguia tocando a bola muito bem (talvez pela ajuda do goleiro – desculpe, não resisti a uma provocação), desfilando um futebol de primeira linha. Bruno Love fez mais dois, comemorou com um cansado sinal do coração e pediu a música (já que marcara três tentos) em homenagem ao seu broto:
"Toca Reboleishon", disse o camisa 14.
Chaves e Felipe marcaram. 8 a 0. Até que veio a grande jogada da noite para fechar com chaves de ouro a partida. Marreco tocou a bola rente à linha lateral para Chaves, que mandou uma puxeta meio de calcanhar, a bola fez uma parábola sobre o defensor do Botafogo United e caiu mansamente na frente do Zé Bronquinha (lembrando o gol do Marcelinho Carioca pelo Corinthians contra o Santos, em 1996, na Vila Belmiro). O nosso personagem mexicano ajeitou a bola com a sola e saiu cara a cara com o goleiro. Chavito tocou apenas de lado e saiu pro abraço. Monumental o gol. Era o terceiro dele (9x0) e, claro, com direito a música:
"Que porra de música é essa?!?!? Tá bom, toca: se você é jovem ainda, de autoria do Roberto Bolaños", disse o camisa 10.
No finalzinho, quando já parecia que o Ellite venceria de zero, pela primeira vez na história, Juninho (eu mesmo), que está se mostrando um goleiro lindo e másculo, saiu a bola errada com as mãos (talvez por isso!). O atacante do Botafogo dominou e acertou um chutaço no canto para fazer o gol de honra: 9 a 1.
Toda a equipe está de parabéns pela belíssima e irretocável apresentação (na opinião de todos, menos do Chaves, claro!).

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Exercitando a crasse

Hoje de manhã, bem cedo, estava andando de bicicleta na Urca. Feliz da vida. Quando fui ultrapassar um corredor de rua, ele girou a cabeça e, sem me ver, cuspiu pro lado. Justo na hora que eu tava passando. Por sorte SÓ pegou na minha perna!
O cara pediu mil desculpas. Realmente não tinha me visto. Eu passei batido e nem olhei pra trás. Como se não fosse comigo. Mantive a pose pra não ficar com aquela inevitável cara de bundão.
Algumas vezes manter a crasse é tudo pra não ficar bolado na hora

Personalidades 4

Ainda no clima do Maranhão, e em homenagem a todo pessoal de lá, a personalidade da vez é meu tio R. (Excelência à parte 3). Um figuraça! Você sai da conversa com ele, com a mandíbula cansada de tanto rir de suas piadas e causos.
Hoje é delegado de polícia em São Luis, capital. Mas no passado, foi delegado em diversos municípios do interior. Neste período, além de ser padrinho de batizados, casamentos e formaturas, colecionou histórias hilárias e inacreditáveis para a realidade de uma cidade grande.
Ele tem todas registradas e pretende publicá-las. Será best-seller, garanto! Lamentavelmente, não tenho como reproduzir seus gestos, sotaques e entonações que enriquecem as estórias. Vamos à 5 delas, bem curtas ( são as que lembro neste momento).
História 01:
Ele chega à delegacia, em seu primeiro dia, e encontra uma pessoa na porta, que lhe interroga:
- "Quem é o senhor?"
-"Sou o novo delegado daqui." - reponde meu tio
- "Só um minuto, por favor..."
O sujeito entra na delegacia e não volta pra porta. Então, ele avança e encontra todos os (não mais que cinco) presos em suas celas. Um deles era o sujeito que estava na porta. R. os cumprimenta, apertando a mão de cada um, exceto do cara da porta, pois não soltava a grade da cela por nada. Incomodado por ter ficado no vácuo, o delegado novato puxa a mão do preso para cumprimentá-lo; eis que cai a porta da cela!!!
- "Mas como é que pode, a porta tá solta?!?!? Cadê o cadeado?"
-"Está aqui, senhor! Desculpe não ter avisado mas o calor estava forte e fui lá fora tomar um ar..." O preso, então, entrega, na maior cara de pau, o cadeado que estava no chão.
História 02:
Estou falando ao telefone com ele, que estava na delegacia. R. pede para eu aguardar; afasta o telefone da boca; fala com alguém; autoriza alguma coisa; e volta a falar comigo.
-"Que que houve tio?" - pergunto
-"Nada demais, era só um presidiário que estava pedindo permissão para tocar violão..."
História 03:
-"Alô?" - liga R. para a delegacia
-"Alô." - atende uma voz diferente da que ele esperava...
-"Quem está falando aí na delegacia???" - estranha R.
-"Alô?!" - o interlocutor altera a voz...
-"Pela voz já sei que não é o guarda Fulano (único auxiliar)"
-"Alô?!" - o interlocutor altera a voz novamente...
-"Ô Sicrano, volta pra cela e passa o telefone pro guarda Fulano!!!" - descobre R.
- "Só um minuto, doutor!" - responde o cara de pau do presidiário
História 04:
Um conhecido morador da cidadezinha foi preso na Capital e transferido para o presídio onde R. trabalhava. Ao chegar lá.
- "Que que você fez para ser preso??"
- "Perdi o horário da barca de volta da Capital pra cá e estava sem dinheiro para comer. Então, pra não dormir na rua e passar fome, resolvi jantar em um restaurante e não pagar a conta. Sabia que seria preso. Desta forma, mataria minha fome e dormiria com segurança no presídio. É melhor que dormir na rua..."
História 05:
George, seu irmão, vai visitá-lo. Encontra nosso personagem e mais seis pessoas na ante-sala da delegacia. R. os apresenta apontando para cada um.
-"Este é o Fulano; este Beltrano, este Cicrano; aquele é o Deltrano... Destes, só os dois primeiros são policiais, os demais são detentos"
Para fechar, lhe perguntei porque os presos não fugiam, já que viviam soltos. Ele me respondeu:
"Eu os tratava bem. Eles sabiam que se fugissem iriam me prejudicar. Então, optaram pela boa convivência."
Bandido com ética é outra coisa!!!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Viagem de Carnaval

Praias desertas, comilança, bebelança, mutucas (mosquito que só morde gente de fora), frutas novas (pitomba, siriguela, bacuri, muricí, cajá...), Guará (pássaro laranja e moeda paralela de Alcântara- inacreditável), Seu Didi, muita risada, Centro de lançamento dos foguetes, ferry boat (procure no google imagens), Rambinho (cachorro da minha vó) e, claro, toda a família.
Foi sensacional nosso carnaval em São Luis e Alcântara - Maranhão. Pena que foi pouco tempo.
Algumas frases vão ficar para sempre na memória:
"É doce!" - Seu Didi (94 anos) provando a água da piscina. Foi a primeira vez que ele viu
"Feijoada de manhã?!?!?!" - Renata
"Pois é. De noite eu só tomo um suquinho..." - Tio Luciano
"Você conhece o povo de um lugar indo ao mercadão" - Tio Ozano
"Não me julgue por aquele mercadão!!!" - Tia Ceres
"Vou soltar um peido!" - Seu Didi (94 anos) querendo nos afastar. Estávamos enchendo o saco dele tirando foto toda hora
"Alcântara foi escolhida por estar próxima da linha do Equador e se o foguete cair não tem tanto problema, tem pouca gente!" - militar que estava apresentando o Centro de Lançamento de Foguetes. A parte do 'tem pouca gente' foi por minha conta, mas era o espírito do discurso dele
"Se o avião cair e você morrer ninguém vai ficar sabendo!!!"
"Credo!" - Renata
"Brincadeira. Mas é verdade." - essa eu não acrescentei nada. Foi dita pela aeromoça da Gol para justificar o porquê teriam que registrar todos os passageiros do vôo
"Morava tão longe que podia gritar até o queixo cair que ninguém ia me escutar... por isso fiz meus 17 (dezessete) partos... foi com um espelho adiante de mí, eu mesmo cortava o cordão..." - Maria Batissá, dona de um bar em Alcântara, ela é atração turística da cidade. Essa história tem cheiro de lorota
"Tem gosto de maracujá com banana" - Renata sobre o gosto de cupuaçú
"Parece côco misturado com iogurte e perfume" - Renata analisando tecnicamente o sabor do suco de bacuri
"Igualzinho a remédio de homeopatia" - Renata dissecando o sabor uma cachaça que experimentou
"Muito bom! Igualzinho aquele remédio para secar catarro (Sequil)" - Renata referindo-se a suco de Muricí
"Para fazer suas necessidades em Alcântara, você deve levar um porrete caso os porcos e os patos se aproximem. Tudo é feito no mato!!!" - Zélia (namorada do meu primo Adriano) nos assustando (de sacanagem) e ensinando como se faz as necessidades em Alcântara
"Não esqueça da rede" - Tio Ozano
"Pra que rede???" - Renata
"Caso a gente não encontre hotel em Alcântara..." - Tio Ozano
"Mas pera aí... como assim rede??? Vamos dormir na rede??? Vai prender aonde???" Renata assustadíssima
"Lá é cheio de mangueira na rua" - Tio Ozano (zoando com a cara da Renata)
"Me conta logo tudo pra eu ir preparada!!!" - Renata, querendo saber tudo que nos esperava em Alcântara
"Ai! Você fala muito pra poxa!!! - meu primo Thiago (4 anos) tapando o ouvido, falando pra Renata
Queríamos, mais uma vez, agradecer à familia que nos recebeu de coração aberto neste carnaval.
Vocês são massa!!!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Excelências à parte 3

Esta foi contada pelo meu querido tio R., quando era delegado de polícia no interior do Maranhão.
Ele recebeu uma ordem judicial para prender um sujeito, por falta de pagamento de alimentos para o seu filho (a famosa pensão). Como todos se conheciam na cidadezinha, ele resolveu intimar o réu para comparecer à delegacia.
Um dia antes da data marcada, eis que aparece o intimado.
- "O que que você está fazendo aqui se marcamos amanhã?"
- "Estou muito curioso."
-"Volte amanhã! Nosso encontro é amanhã!"
-"Não posso, meu senhor. Vim andando do meu povoado até aqui. Saí às quatro da manhã e só cheguei agora (10:00h)! (Detalhe: não tem transporte na região) O Sr. tem que me atender! Eu sou um homem sério com meus compromissos!"
-"Ah é?!?! Então porque você não está pagando a pensão do seu filho???"
-"Doutor, eu já falei com o juiz que não posso pagar os VINTE REAIS POR MÊS em dinheiro. Já disse que só posso pagar em PEIXE ou em GALINHA. Inclusive, é a forma que eu venho pagando..."
-"Porque???"
-"Doutor, no meu povoado NÃO CIRCULA DINHEIRO. A gente TROCA as coisas. Eu tô pagando. O juiz num qué entender..."
Importante lembrar que o delegado recebeu uma ordem para prender e não para julgar ou tentar entender o caso. É prender e ponto.
E agora: prende e cumpre a lei ou faz justiça e não prende???
A justiça foi feita!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

flashes 8.1

- "Tirem as coisas da sala que eles estão chegando!"

Foi com esta simpática frase que fomos recebidos, na casa da amiga de um amigo meu, em Búzios, no reveillon 1997/1998, para uma viagem que renderia (para todos nós) histórias inesquecíveis.

A casa era grande e bonita. As meninas (dona da casa e suas amigas - não conhecia nenhuma delas) estavam em confortáveis, amplas e refrigeradas suítes; em duplas ou com seus namorados. Tinha uma playboizada de São Conrado e dois gays também.

Para nós, foi reservado um quarto pequeno, sem banheiro, sem ar condicionado, sem ventilador e com apenas duas beliches. Então, tivemos que nos dividir assim:

Na beliche da direita eu embaixo e Samy em cima; na beliche da esquerda Ricardo embaixo e Coelho em cima. Macaco no chão entre as duas camas. Duda (que forrou o chão com jornal e lençol - "tá social!" - dizia ele, a todo momento, referindo-se à sua cama), Alexandre (em cima de uma almofada sem lençol), Guilherme (idem) e Rodrigo (num colchonete) ficaram um ao lado do outro, no chão, num pequeno espaço entre as beliches e a porta.

Parecia um presídio ou um chiqueiro, pois no segundo dia, o quarto já estava cheio de areia, cerveja, resto de comida e aquele cheiro...

Na geladeira da casa, tudo era dividido. Cada um com suas coisas. Os gays com suas geléias, as meninas com seus croissants e a gente comendo pão com ketchup, maionese e mostarda.

O Coelho só foi dar falta da escova de dentes no terceiro dia. O Guilherme só andava de cueca (zorba) pela casa, escondendo o seu... digamos, salário mínimo e o Duda no tradicional: "tá social".

Do nada, sem nenhum propósito, um dia o Macaco catou todo o lixo da casa (inclusive o que já estava ensacado na lixeira) e fez uma montanha de lixo no jardim atrás do nosso quarto. Quando a dona da casa viu, deu-lhe um esporro e o obrigou a colocar tudo em seu devido lugar... O esporro foi todo filmado, ao vivo, com narração e comentários do Samy: "Iiiiiiiiiiiiiiaaaaaaeeee, levou moral!"

Tem também um momento sublime e romântico do Guilherme fazendo número 02 no banheiro, apoiando o pé direito na bancada da pia e o esquerdo na borda da privada (parecendo uma aranha). Devido a distância entre a poupança dele e o vaso, quando o barro mergulhava na privada, respingava àgua no Alexandre, que estava ao seu lado, escovando os dentes!!!Não falei que era romântico?

Lembram da frase inicial desta postagem??? Isso não ficaria assim... o pior é que elas tinham toda a razão...

(Mais histórias desta viagem no flashes 8.2...)

correção

EdileuSa ("personalidades 3" e "ligação importante") se escreve com 's' e não com 'z'.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

convidados 4

A convidada é a Simone. A conheci de uma forma original. Foi o seguinte: Fiz uma matéria com ela na faculdade. Do nada, um colega de turma me confundiu e falou pra ela "vi esse cara outro dia rezando uma missa", então Simone não teve dúvidas e me perguntou:
- "Oi, bom dia. O sr. é padre?"
Ri muito e assim ficamos amigos. Em sua formatura, ela recitou um texto, de própria autoria, denominado 'aos ausentes', em homenagem ao recente falecimento de sua avó. Achei muito bonito. Vamos à ele.
"Nesta noite não podemos deixar de remeter àqueles que durante algum, muito ou pouco, tempo de nossa vida, estiveram presente e que hoje estão nos assistindo, embora não estejam mais diante de nossos olhos. Para eles, pessoas importantes na construção do que somos hoje, essas são as palavras.
Se hoje não posso lhe dar um forte abraço e chorar no seu ombro a alegria da minha conquista, não me desespero, pois sei que sua felicidade de me ver vencendo mais essa etapa se faz presente, pois a morte significa apenas um passo para evolução do ser humano e os laços que nos unem não foram rompidos pela mesma.
Ausência física não significa ausência de espírito. Vocês não estão distantes, já que estão impregnados em muito do que somos e fazemos. Nossos ausentes estão muito vivos em cada ato que praticamos, a cada vitória que vivenciamos e a cada fruto que colhemos. Claro que os queríamos aqui, presentes fisicamente, mas sabemos que estão bem, no melhor lugar que pode haver, e vibrando conosco por esta conquista.
À vocês, invisíveis, hoje, aos nossos olhos, mas eternamente presentes em nossa memória, em nosso coração, muito obrigada por tudo, pelo carinho dedicado a cada um de nós e como diz uma certa música, 'não te trago ouro porque ele não entra no céu, te trago meus versos, simples, mas que fiz de coração'."
Segue o link com o vídeo da apresentação:

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

filmes

Recomendo dois filmes que estão em cartaz: "Invictus" e "só 10% é mentira".
Invictus é unanimidade. Meus pais viram duas vezes. Eu vi uma e vou ver outra. O filme é muito bom. Baseado em fatos reais, retrata uma passagem da vida de Nelson Mandela, já presidente da África de Sul, e sua relação com a seleção nacional de Rugbi.
Só dez por cento é mentira é bem diferente. É um documentário sobre a vida do poeta Manoel de Barros. É lento e não tem um início, meio e fim bem definidos. Tipo poesia mesmo. Tenta mostrar uma forma diferente de ver o mundo. Tem lances bem engraçados. O Samy odiou (pediu o dinheiro de volta); a Carol gostou mas achou lento; eu gostei; a Renata gostou muito; e o Taiyo adorou!
Tirem suas conclusões.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

flashes 7

Terças e quintas era aula de inglês na Cultura Inglesa, alí na Marquês de Pinedo. Foi um período curto, até minha mãe cansar de me forçar a fazer inglês...
Como de costume, antes da aula, eu estava sacaneando todo mundo da turma, empolgadaço. O papo não me lembro qual era, mas deveria ser futebol, a orelha grande de alguém, a feiura de um dos amigos presentes ou qualquer outra bobagem do gênero.
Repito, só me lembro de estar botando pilha em todo mundo, num jardinzinho em frente ao curso.
Quando nos dirigíamos à aula... phruft! Eis que piso num cocô de cachorro!!! Nem deu nem pra disfarçar, pois todo mundo viu. Riram muito da minha cara. É a vida. Fui pra aula.
Aula rolando, salinha pequena, tudo fechado, ar condicionado a todo vapor... de repente vem aquele cheiro de merda incofundível!!!! Claro que a turma toda sabia e não parava de olhar pra mim.
-"Professora, vou no banheiro e já volto..."
Vocês voltaram??? Nem eu

Convidados 3

O convidado da vez é Taiyo Omura. Improvisador, músico, ator, cineasta, poeta, remador, bloggero e japonês, ele é craque no que faz (e no que fuma... dã! desculpem a piada).

O blogg dele "limitedapalavra.blogspot.com" (altas poesias) e sua seção "lembranças", me inspiraram a montar este blogg e a criar a seção "flashes". Temos muito o que aprender com os nossos japoneses. Vamos ver o que vem por aí..

"Uma brincadeira chamada amigo

1994. Senna ainda estava vivo. A seleção, não me lembro bem, era tetra, ou não. O que eu me lembro é do Leblon. O Leblon tinha um charme, uma coisa praiana, picolé Itália de côco, com pedacinhos da fruta perto do palito. Tinha o cara do Dragão Chinês, com sua voz inconfundível. Tinha o cara das balas com o "teleque-teque", aquele pedaço de madeira com um metal que faz barulho. Eu morava pertinho da praia.

Era um japonês moreno, ensolarado, quase um havaiano. O legal era brincar na areia e no mar. Gostava de pisar naquelas areias que ficam duras, quebradiças. Era gostoso, aqueles quadradinhos, tipo gelos de areia, para esfarelar com os pés e com as mãos, com a surpresa de talvez encontrar uma daquelas joaninhas de areia, que eu chamava de fumiga.

Geralmente eu ia com a minha mãe. Mas gostava de ficar meio solto. Corria um pouco. Me perdia às vezes. Tinha que achar o salva-vidas, já chorando, com o coração na boca. É porque a maré sempre leva, e a gente não percebe.

A melhor brincadeira era o "Amigo". Antes de falar sobre essa brincadeira, me lembrei de outra, que foi uma espécie de protótipo da "Amigo". Era uma espécie de videocassetada, tinha um apresentador de tv, que era eu mesmo, falando sobre o mar. Ele ficava um pouco antes de onde as ondas quebram, falando sobre o mar naquele dia. Como se fosse uma mulher do tempo dos telejornais, só que era um homem, falando das ondas. Fingindo que não estava vendo, ia falando que o mar estava tranqüilo, até ser engolido por uma onda, e levar caixote. Geralmente eu engolia areia. Em vezes mais extremas, levava uns arranhões. Era engraçado. Como se tivessem filmando aquele momento e flagraram um repórter sendo pego pelas ondas. Na época era engraçado.

A brincadeira "Amigo" era semelhante. Mas tinha uma diferença crucial: necessitava de outra criança. De preferência, um menino de rua, ou pobre, mal vestido. Um daqueles meninos que hoje eu chamaria de pivete. Pois é, eu geralmente brincava com eles. Eram os que aceitavam brincar. Consistia no seguinte: ou eu, ou o outro, íamos para frente do mar. Esperávamos a onda chegar. Quando estivesse bem próxima, com o perigo inevitável do caixote, gritávamos: "AMIGOOOOOOOOOOOOOOO!!!". O que gritou tomava o caixote e, enquanto estava tomando-o, o outro que observava de longe teria que salvá-lo, como num resgate desses que se vê no cinema. Não me lembro muito bem o que acontecia depois. Mas sinto que depois de umas três ou quatro vezes ficávamos cansados. Sem se despedir direito, e talvez nem sabendo o nome do outro, cada um ia pro seu canto. Brincar na praia. Será que nos encontraremos de novo, "Amigos" diversos? Cruzaremos por uma rua dessas, seremos colocados numa situação extrema? Necessitaremos da ajuda um do outro? Uma coisa é certa: cada um foi para o seu lado. A maré sempre leva, e a gente não percebe."