terça-feira, 15 de novembro de 2011

O show tem que continuar!


"O show tem que continuar!". Pra mim é a frase!

O show tem que continuar pro Luciano Huck, que é um gênio! Tem que continuar pro Roberto Justus que, ao que parece, ama o espelho sobre todas as coisas! Não dá pra saborear demais as conquistas porque o show tem que continuar!

O show tem que continuar pro meu pai, que é guerreiro – toma uma tonelada de remédios diariamente - já teve três infartos, sofre de bronquite crônica, enfisema pulmonar, tireóide desregulada... é um sobrevivente. 

Pra Dona Vera, que acabou de perder a filha de 4 anos, portadora de síndrome de Down, após dez meses de luta contra um câncer (a menina passou as últimas 48 horas em coma!). E pro depressivo, que não vê mais sentido em nada.

Cada um no seu tempo... no seu momento... mas, cedo ou tarde, pra estes, o show também tem que continuar!

E é assim mesmo. Novo dia, novas emoções, novas perdas, novos desafios, novas conquistas, novos aprendizados.

E o show da vida tem que continuar, porque lá em cima tem um espectador (e diretor) sedento por emoções: risos, tragédias, suspenses... e nós, como protagonistas, ainda que sem entender, só nos resta dar show! 


sábado, 5 de novembro de 2011

Cosas de la vida 4


Alex Sandro tem uma barraca na praia de Ipanema. Vende bebidas, aluga guarda-sol, cadeira, fica de olho no chinelo do pessoal que vai dar um mergulho etc. Ajuda os vendedores de mate oferecendo uma sombrinha na hora do aperto, emprega, em sua barraca, o pessoal da comunidade onde mora - enfim, um cara trabalhador e querido. Do bem. 

Ocorre que, ao assumir a prefeitura do RJ, Eduardo Paes reformulou toda a orla. Proibiu todos os ambulantes, baniu o altinho e o frescobol, e resolveu, sabe-se lá porquê, limitar o número de  barracas. E nesta, nosso bravo amigo foi jogado, sem prévio aviso e com a delicadeza de sempre, para o Arpoador.

Pô, todo mundo sentiu falta do cara! Ele, deslocado e sem saber o que fazer, criou a maior quizumba! Outros donos de barracas também protestaram. Até que foram à justiça reclamar pelo retorno ao seu lugar de origem.

Não precisa nem dizer que a justiça é lenta e Alex amargou um tempão. Teve dificuldade com tudo. Fornecedores novos, preços novos, espaço novo, clientela desconhecida, concorrência já instalada... "não é justo!" Depois de anos trabalhando duro como pedreiro, sem esperança de uma vida melhor, logo agora que ele conseguiu montar seu negócio, toma, desculpe o termo, uma porrada desta! "Parece que o pão sempre cai com a manteiga virada pra baixo" - pensou. 

O tempo vai passando e, aos poucos, nosso herói vai se habituando, criando seu espaço, se tornando "local". Vai percebendo a dinâmica do ambiente. Em Ipanema os cliente, jovens, consomem pouco e ficam o dia inteiro na praia. No Arpoador, a clientela família consome mais e fica pouco tempo. Preços mais caros e com alta rotatividade de cadeiras e guarda-sois, ele ficou com o sorriso ainda mais fácil. E melhor, a rotina de trabalho acabava bem mais cedo.

A vida melhorou. Mais gente contratada, reformas, investimentos, dentes novos, mesa farta, bicicleta e vídeo-game pros filhos... mais do que ele havia pedido à Deus!

Até que nosso protagonista é surpreendido com a notícia que teria que voltar à Ipanema, em seu posto anterior. É que o processo acabou e, INFELIZMENTE, ele ganhou!

Ainda hoje ele está em Ipanema, contando – com saudosismo – seus tempos de “milionário”.

Pense duas vezes antes de reclamar das mudanças...