sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Paladar refinado!

Renata é uma pessoa de paladar altamente refinado.

É comum vê-la, na hora do almoço, degustando jujuba, biscoito presuntinho, brigadeiro, pipoca, fanta uva e outras iguarias...   

Um de seus restaurantes favoritos são aquelas barraquinhas de doces, que ficam nos pontos de ônibus. Já conhece todos os fiscais de ônibus, em especial os que cumulam sua função, com o ofício de vender doces, no ponto que fiscalizam.

Geralmente, eles cobrem o tabuleiro com aquela lona, enquanto trabalham. E, entre um um ônibus e outro, vendem suas guloseimas. Tenho a impressão que o diferencial destes estabelecimentos, é a mistura provocada entre o calor de 40 graus do Rio de Janeiro e a lona (de caminhão) que, de maneira higiênica, cobre o tabuleiro 

Pois é lá, meus amigos. É lá que minha senhora faz suas sagradas refeições.

Porém, no último final de semana ela se superou. Vamos ao cardápio, degustado ao longo dos dias, na ordem em que ocorreram:
  
Sábado: 01 kiwi; 01 fatia de mamão; 01 prato de macarrão com queijo ralado; 01 chocolate Alpino;  01 punhado de castanha de caju; 02 balas de café, 02 polenguinhos, 03 fatias de manga; 01 copo de suco Ades; 02 fatias de melão; 01 copo de nescau; 01 caju; 03 biscoitos de gergelim com requeijão, 01 cacho de uva; 01 chocolate Alpino; 01 pão de forma com requeijão... e, para fechar com chave de ouro: 01 ovo cozido!!

Domingo: soro!

Ocorre que no domingo, inexplicavelmente, a fofa passou mal e foi parar na emergência do hospital!! Até agora nenhum médico descobriu o motivo...

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Flashes 18


Favela do Jacarezinho. Campeonato entre bocas de fumos. Cada chefe da boca montava seu time. E, para ostentar, os times desfilavam uniformes lindos. Tinha um que usava o conjunto completo do atlético mineiro (camisa, short e meião), outro do flu, botafogo, etc.

O meu, era o time do "campo do abóbora" (não me perguntem o porquê do nome).  Nosso uniforme era produzido só para o campeonato. Advinhem a cor? Preto e branco (não me perguntem o porquê).

Eu, com aproximadamente 16 anos, saí de casa por volta das 19 horas. Peguei o metrô e saltei na estação Maria da Graça. De lá até o campo, caminhei, talvez uns 20 minutos, entre ruelas e bocas de fumo. Tudo era vendido e consumido na frente de todos, sem constrangimento. Local escuro. Eu, feliz da vida - e sem noção de perigo -, fui me informando, com traficantes e moradores, onde era o campo. Fui chamado pelos meus amigos do Olaria, que moravam no Jacarezinho, e queriam que eu reforçasse o time do abóbora.

Chego e a partida já havia começado. Tomo um esporro,  troco de roupa correndo, e entro no campo. Pra compensar o atraso, e tentar entrar logo no ritmo do jogo - que pegava fogo -, iniciei marcando muito firme, reclamando com o juiz e fazendo outras fanfarronices. Afinal, era mata-mata.

Até que, num determinado momento: faço uma falta forte, sequer peço desculpas, e ainda reclamo com o juiz. O árbitro, ao invés de me advertir com cartão, fez algo muito mais eficaz. Colocou a mão no meu ombro e disse, em tom assustadoramente calmo: "Filho, acho bom você chegar devagar. Você não está em casa, não. Abre o olho!" 

Foi quando olhei ao redor e vi que realmente não estava em casa. O campo estava lotado de gente - com fuzil, pó, pistola etc, e me olhando com caras nada amigáveis.  Entendi o recado!  Murchei totalmente, passei a jogar como uma lady. Perdemos o jogo. Não quiz nem ficar pra churrascada (e outras coisas) grátis que rolava depois das partidas. 

Fui embora da favela. Foi lá que aprendi a chegar devagar, pois jacaré com abóbora dá caganeira!