sábado, 5 de novembro de 2011

Cosas de la vida 4


Alex Sandro tem uma barraca na praia de Ipanema. Vende bebidas, aluga guarda-sol, cadeira, fica de olho no chinelo do pessoal que vai dar um mergulho etc. Ajuda os vendedores de mate oferecendo uma sombrinha na hora do aperto, emprega, em sua barraca, o pessoal da comunidade onde mora - enfim, um cara trabalhador e querido. Do bem. 

Ocorre que, ao assumir a prefeitura do RJ, Eduardo Paes reformulou toda a orla. Proibiu todos os ambulantes, baniu o altinho e o frescobol, e resolveu, sabe-se lá porquê, limitar o número de  barracas. E nesta, nosso bravo amigo foi jogado, sem prévio aviso e com a delicadeza de sempre, para o Arpoador.

Pô, todo mundo sentiu falta do cara! Ele, deslocado e sem saber o que fazer, criou a maior quizumba! Outros donos de barracas também protestaram. Até que foram à justiça reclamar pelo retorno ao seu lugar de origem.

Não precisa nem dizer que a justiça é lenta e Alex amargou um tempão. Teve dificuldade com tudo. Fornecedores novos, preços novos, espaço novo, clientela desconhecida, concorrência já instalada... "não é justo!" Depois de anos trabalhando duro como pedreiro, sem esperança de uma vida melhor, logo agora que ele conseguiu montar seu negócio, toma, desculpe o termo, uma porrada desta! "Parece que o pão sempre cai com a manteiga virada pra baixo" - pensou. 

O tempo vai passando e, aos poucos, nosso herói vai se habituando, criando seu espaço, se tornando "local". Vai percebendo a dinâmica do ambiente. Em Ipanema os cliente, jovens, consomem pouco e ficam o dia inteiro na praia. No Arpoador, a clientela família consome mais e fica pouco tempo. Preços mais caros e com alta rotatividade de cadeiras e guarda-sois, ele ficou com o sorriso ainda mais fácil. E melhor, a rotina de trabalho acabava bem mais cedo.

A vida melhorou. Mais gente contratada, reformas, investimentos, dentes novos, mesa farta, bicicleta e vídeo-game pros filhos... mais do que ele havia pedido à Deus!

Até que nosso protagonista é surpreendido com a notícia que teria que voltar à Ipanema, em seu posto anterior. É que o processo acabou e, INFELIZMENTE, ele ganhou!

Ainda hoje ele está em Ipanema, contando – com saudosismo – seus tempos de “milionário”.

Pense duas vezes antes de reclamar das mudanças...        

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