sábado, 19 de julho de 2014

Flashes 21


De férias no flamengo (ainda não tinha contrato) fui chamado para fazer parte da equipe de juniores do Joinville, que excursionaria à Itália objetivando vender jogadores. Aos 18 anos, para futebol, é uma idade tensa, de definição. Oportunidades cada vez mais raras!

O clube tinha cedido a categoria para um grupo de empresários escrotar, digo, explorar.

Nós, jogadores, vivíamos numa grande casa, que abrigava gente de todo Brasil! Me lembro que o café da manhã era pão, manteiga, mel, leite e café. E vamos pro treino!

No fim das contas se mostrou mais uma furada! Foram apenas dois ou três dias de estada, até os gênios do planejamento perceberem que não dava tempo para embarcar com o grupo, que estava fechado, inscrito, com visto no passaporte, etc.

Enfim, ao final do treino da tarde estava na calçada em frente a casa pensando na vida (sempre empolgado!) quando passa um carro bem devagar olhando pra dentro do imóvel... e me pergunta. "Fulano está aí?"     

"Não conheço" - respondo.

Ele vai; depois volta e pergunta por outro jogador - no que obtém a mesma resposta. Fiquei a meia distância observando um movimento intenso de carros... ao mesmo tempo uma euforia dentro da concentração. Muito jogador se arrumando, saindo, burburinho...

Estranhando aquele cenário pedi explicação a um colega. A resposta veio com o tom e a serenidade de uma mãe que explica ao filho porque o céu é azul.

- Eles vêm para buscar a rapaziada para dar uma "volta". Jantar, passear no shopping... no final dão um dinheirinho, um tênis novo e fica tudo certo!

O mais trágico era a normalidade de como tudo ocorria... fiquei constrangido de achar estranho! Apenas passei a olhar esquisito pra quem tinha tênis novo...

Como diria Januário de Oliveira (antigo narrador de futebol): Sinistro, muito sinistro! 

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