terça-feira, 20 de abril de 2010

flashes 12



Apito final num amistoso entre um time de empresários (onde jogava) e o junior do Olaria. O juiz, escondido, me diz: "me liga que te levo pro mengão!"

Não acreditava mais nessas promessas. Já tinha 18 anos e em clube grande não se faz mais teste nessa idade. Ademais, empresário de verdade não fala 'mengão', usa um outro termo mais profissional.

Qual era a jogada dele: pegava um garoto de 19 anos, com a certidão de nascimento do irmão ou do amigo, de 15/16 anos, e mandava pro teste. Claro que, com a idade alterada, o moleque era um fenômeno. Ele já tinha dois jogadores nessa situação lá no 'mengão'.

Comigo não dava pra mudar a idade, mas como ele tava com moral, um mês depois eu estava na gávea para três treinos/testes no time junior do flamengo (na idade certa!!!). Fui bem no primeiro dia; no segundo me machuquei. No terceiro e último, não tinha condições de jogar por causa da lesão, mas... "e a oportunidade??" "quando vou ter outra??" "E a idade??" "Será que realmente não dá??" "O que eles vão pensar de mim??" "Quando vou pisar de novo aqui??" "Será que eles vão entender??"

Joguei. Fui um fiasco. Fui reprovado.

Tristeza. "Porque não expliquei que não dava"; "que tava machucado..." "de repente teria outra oportunidade..." "pelo menos não me queimava..." "porque não ouvi meu pai..." "foi embora minha grande oportunidade..." "meu grande sonho..." Vida que segue.

É claro que em pouco tempo descobriram toda a farsa do cara, demitiram os 'garotos' e ele teve que devolver o dinheiro da contratação. Como já não sobrava um centavo da grana, então: "Lembra daquele cara que eu troxe, há muitos meses e foi reprovado? Então, ele tava machucado; dá outra oportunidade. Se gostarem, ele fica de graça como compensação do dinheiro que eu recebi pelos garotos que foram embora..." - disse o nosso candidato a empresário, aos dirigentes do flamengo.

Na segunda oportunidade de teste, no final da primeira semana de treinos eu estava indo embora e um jogador me avisa: "já viu o papel na porta do vestiário?"
Explico: O time reserva viajaria pro Espírito Santo no dia seguinte, para um série de jogos amistosos e o meu nome estava lá, com a camisa 5, inclusive a bolsa com toda a roupa da viagem estava pronta (com o meu nome!!!). Se ele não avisasse, acreditem, eu perderia a viagem.

Acho que estava tão concentrado que nem percebi que tinha sido aprovado. O sonho estava realizado. Até chorei.

Um comentário:

Anônimo disse...

Cara, vc tem umas histórias sensacionais sobre a sua carreira de jogador de futebol...

Fico sempre esperando a cena do próximo capítulo! E o pior é que sei o final da história até o momento!

Abs;
Vilano