Ainda no clima do Maranhão, e em homenagem a todo pessoal de lá, a personalidade da vez é meu tio R. (Excelência à parte 3). Um figuraça! Você sai da conversa com ele, com a mandíbula cansada de tanto rir de suas piadas e causos.
Hoje é delegado de polícia em São Luis, capital. Mas no passado, foi delegado em diversos municípios do interior. Neste período, além de ser padrinho de batizados, casamentos e formaturas, colecionou histórias hilárias e inacreditáveis para a realidade de uma cidade grande.
Ele tem todas registradas e pretende publicá-las. Será best-seller, garanto! Lamentavelmente, não tenho como reproduzir seus gestos, sotaques e entonações que enriquecem as estórias. Vamos à 5 delas, bem curtas ( são as que lembro neste momento).
História 01:
Ele chega à delegacia, em seu primeiro dia, e encontra uma pessoa na porta, que lhe interroga:
- "Quem é o senhor?"
-"Sou o novo delegado daqui." - reponde meu tio
- "Só um minuto, por favor..."
O sujeito entra na delegacia e não volta pra porta. Então, ele avança e encontra todos os (não mais que cinco) presos em suas celas. Um deles era o sujeito que estava na porta. R. os cumprimenta, apertando a mão de cada um, exceto do cara da porta, pois não soltava a grade da cela por nada. Incomodado por ter ficado no vácuo, o delegado novato puxa a mão do preso para cumprimentá-lo; eis que cai a porta da cela!!!
- "Mas como é que pode, a porta tá solta?!?!? Cadê o cadeado?"
-"Está aqui, senhor! Desculpe não ter avisado mas o calor estava forte e fui lá fora tomar um ar..." O preso, então, entrega, na maior cara de pau, o cadeado que estava no chão.
História 02:
Estou falando ao telefone com ele, que estava na delegacia. R. pede para eu aguardar; afasta o telefone da boca; fala com alguém; autoriza alguma coisa; e volta a falar comigo.
-"Que que houve tio?" - pergunto
-"Nada demais, era só um presidiário que estava pedindo permissão para tocar violão..."
História 03:
-"Alô?" - liga R. para a delegacia
-"Alô." - atende uma voz diferente da que ele esperava...
-"Quem está falando aí na delegacia???" - estranha R.
-"Alô?!" - o interlocutor altera a voz...
-"Pela voz já sei que não é o guarda Fulano (único auxiliar)"
-"Alô?!" - o interlocutor altera a voz novamente...
-"Ô Sicrano, volta pra cela e passa o telefone pro guarda Fulano!!!" - descobre R.
- "Só um minuto, doutor!" - responde o cara de pau do presidiário
História 04:
Um conhecido morador da cidadezinha foi preso na Capital e transferido para o presídio onde R. trabalhava. Ao chegar lá.
- "Que que você fez para ser preso??"
- "Perdi o horário da barca de volta da Capital pra cá e estava sem dinheiro para comer. Então, pra não dormir na rua e passar fome, resolvi jantar em um restaurante e não pagar a conta. Sabia que seria preso. Desta forma, mataria minha fome e dormiria com segurança no presídio. É melhor que dormir na rua..."
História 05:
George, seu irmão, vai visitá-lo. Encontra nosso personagem e mais seis pessoas na ante-sala da delegacia. R. os apresenta apontando para cada um.
-"Este é o Fulano; este Beltrano, este Cicrano; aquele é o Deltrano... Destes, só os dois primeiros são policiais, os demais são detentos"
Para fechar, lhe perguntei porque os presos não fugiam, já que viviam soltos. Ele me respondeu:
"Eu os tratava bem. Eles sabiam que se fugissem iriam me prejudicar. Então, optaram pela boa convivência."
Bandido com ética é outra coisa!!!
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