quarta-feira, 31 de março de 2010

Convidados 6




Pra quem disse que o blog não servia pra nada, taí a resposta! Não tinha contato com este convidado há, sei lá, uns 5 anos. 

Um dia, ele fuçando a internet encontrou, numa grande coincidência, o blog, que traz duas histórias que ele presenciou (flashes 5 e 6). Na mesma hora me enviou o texto abaixo, que chama atenção pela riqueza de detalhes e termina com um causo sensacional, da nossa época de colégio. Ele promete enviar mais história; aviso, antecipadamente, para ele e os demais, que todos são bem-vindos! 

Ele foi um daqueles amigos inseparáveis, que se separam quando terminou o colégio.

Com vocês, Rodrigo Queiroz (não confundam com Rodrigo Amém):

Ao contrário do senso comum, a internet contribui muito para nos afastar das amizades de verdade. Digo “amizades de verdade” no sentido tradicional do termo. Ligações. Encontros. Convívio. Lembro que quando entrei com tudo na internet e conseqüentemente na vida nerd (que de certa forma dura até hoje), perdi o contato real com alguns amigos de verdade.

Eis que exercendo a nerdice investigativa, chego a esse blog, que me motiva a entrar em contato com o autor (um “amigo de verdade”) e me convidar para escrever o post que segue.

Não lembro exatamente quando começou, mas lembro que foram nos últimos anos de nossa vida estudantil neste colégio. As turmas eram formadas desde a primeira séria, e se mantinham basicamente a mesma até o final. Eu vinha da mesma turma desde o começo (132 – terceira série), e o Luis chegou da turma 1. O China acho que da turma 3. O Thiago eu não lembro, e o Cristiano veio de algum colégio bem melhor que o nosso.

Acho que nossa afinidade veio pelo fato de não sermos tão idiotas e vagabundos para a bandidagem fajuta que imperava no colégio, nem tão inteligentes para colar com os nerds arrogantes. A vantagem disso era que circulávamos por todas essas galeras.

Outro ponto que explica essa afinidade era a paixão pela implicância. Éramos mestre nesta arte. Tudo era motivo de sacanagem, às vezes beirando a humilhação. Somos os precursores do bullying no Rio de Janeiro. Demonstrávamos amizade quando ríamos juntos de alguém.

Lembro que o senso de escrotidão era tamanho que traçamos o perfil dos pais de cada um de nós. O pai do Luis era o espanhol maluco. O meu era o viado que dava mole pros meus amigos quando dava carona. A mãe do Cristiano era a vagabunda que dava pro prédio inteiro. E a mãe do Thiago era a ex-detenta careca, sem dentes, que curtia baile funk e baixava a porrada no pai. Ficávamos criando esquetes com esses personagens causando a ira de um de nós.

Vou mandar uma história curta dessa época, pois já escrevi demais (em breve terão mais):
Como a maioria dos garotos de nossa idade, não tínhamos muitas amigas mulheres. Na verdade quase nenhuma. Isso era função para os afeminados precoces. Mas não sei porque, em certo momento, ficamos amigos de um trio de garotas. 

Thiago Dantas mantinha boa relação com esse trio, principalmente com  a Sara. Gostava de implicar demais com ela, o que nos levou a achar que rolava aquele sentimento enrustido típico de um garoto de 14 anos.

Não me lembro de quem foi a ideia, mas tenho quase certeza que foi do China (que tinha prazer especial em sacanear Thiago). Um belo dia ele escreveu uma carta endereçada à ele, se passando pela Sara, e nela revelava o sentimento que nutria por ele. Apesar de a ideia ter sido sua, escrevia com a minha ajuda, a do Luis e da própria Sara!

Em certo momento da carta veio a melhor parte. A pegadinha era boa, mas precisávamos escrotizar. Na carta dizia que apesar de todas as qualidades, só tinha uma coisinha que a incomodava muito. Era o fato do Thiago chegar todos os dias no colégio com o cabelo (que já era feio) todo despenteado. E para piorar, o apelido dele (também criado pelo China) era jacarandá, devido às proporções exageradas de sua cabeça.

E assim a carta foi entregue. Dia seguinte, todos ansiosos, e eis que chega nosso amigo. Adivinha como estava o cabelo dele?


Só não me lembro se contamos a verdade para ele...

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