"Era o ano de 1993. Aula de matemática. A professora era uma gorda de bigode, incrivelmente lenta, mas gente boa.
Hora do recreio. Peguei a agenda do vascaíno Rony e escrevi MENGO de liquid paper bem na capa.
A aula recomeçou e eu fiquei de olho nele. Ele então levantou calmamente com a aula rolando, foi até a minha mesa sem falar nada, pegou a minha agenda, jogou pela janela e voltou, calmamente, sentando-se na cadeira dele de novo, como se nada tivesse acontecido.
A professora não entendeu nada. Eu levantei, também calmamente, peguei um caderno dele e fiz o mesmo. A turma toda ficou parada olhando.
Ficamos então eu e ele pegando o material escolar um do outro e jogando pela janela. Item a item. Fizemos isso na maior calma possível, ninguém falou uma palavra sequer. O pessoal que estava lá embaixo não entendeu nada e ficou todo mundo olhando pra cima vendo cair agenda, caderno, lápis, mochila, livros, etc...
Quando não tinha mais um lápis pra tacar pela janela, voltamos às nossas cadeiras e sentamos, como se aula fossemos assistir.
A professora balançou a cabeça com ar de reprovação (reprovação que literalmente aconteceria no final do ano pra mim, pro Rony, pro Guedão, pro Chaves, etc...), apontou o dedo pra fora da sala e falou: os dois pra coordenação agora.
Descemos as escadas, recolhemos o nosso material e ... não me lembro mais o que aconteceu. Talvez tenhamos ido jogar bola no campão, felizes da vida por termos que assistir aula de matemática.
Tempos que não voltam mais."
Um comentário:
Sensacional!!!
Postar um comentário